Vampiro: A Máscara – RPG ganha nova versão em HQ da Galápagos

O Exército do Legista é o segundo volume em história em quadrinhos criados pela editora

A Galápagos anunciou o lançamento de “O Exército do Legista”, o segundo volume das histórias em quadrinhos baseadas no universo sombrio e gótico do jogo, que dá continuidade à trama Presas do Inverno, primeira edição da coletânea trazida ao país no início deste ano.

Em um cenário de horror, Exército do Legista segue a narrativa do conto sobre terríveis vampiros.  Neste segundo volume, a executora da elite vampírica das cidades gêmeas (St Paul e Minneapolis), Cecily Bain, envolve-se em uma misteriosa conspiração que coloca em risco o que restou de sua família, ao descobrir algo perturbador sobre o passado de sua cria adotada. Ela precisará manter esse segredo muito bem guardado para não colocar tudo a perder.

Vampiro: A Máscara - RPG ganha nova versão em HQ da Galápagos.
O Exército do Legista é o segundo volume em história em quadrinhos criados pela editora.

Enquanto isso, um novo e perigoso grupo de caçadores começa a atacar os membros da corte das cidades gêmeas e Cecily terá que escolher de qual lado está, mesmo que seja difícil de acreditar que ela é leal a algum lado. O HQ ainda reserva um desfecho tenebroso e emocionante da jornada.

Desvende o mistério divino! Prime Video lança trailer da segunda temporada de Good Omens

As improváveis aventuras de um anjo e um demônio continuam na temporada de seis episódios completamente originais do co-criador Neil Gaiman, que estreia dia 28 de julho no Prime Video

A cada dia que passa, o retorno de Good Omens está mais próximo! Antes da estreia, que acontece dia 28 de julho, o Prime Video divulgou o trailer oficial da segunda temporada estrelada por Michael Sheen, David Tennant, e Jon Hamm. 

Depois do sucesso global, o co-criador Neil Gaiman atendeu aos pedidos dos fãs para ver mais sobre a saga eterna desse duo composto pelo anjo Aziraphale e demônio Crowley. Os seis episódios serão lançados exclusivamente no Prime Video em mais de 240 países e territórios ao redor do mundo. 

Originalmente baseada no livro best-seller de Terry Pratchett e Neil Gaiman, a segunda temporada de Good Omens vai explorar narrativas que vão além do material original, dando mais visibilidade para a improvável amizade entre Aziraphale, um anjo temperamental e negociante de livros raros, com o demônio que vive a vida no limite, Crowley. 

Na Terra desde o início dos tempos, e com o adiamento do Apocalipse, Aziraphale e Crowley voltam a viver a vida fácil com os mortais do bairro do Soho, em Londres. Isso até o arcanjo Gabriel (Jon Hamm) aparecer de surpresa na porta da livraria de Aziraphale sem memória de quem ele é ou de como apareceu lá. Enquanto Crowley fica desconfiado do motivo do arcanjo ter aparecido na livraria, Aziraphale está empenhado em resolver o mistério por trás da condição de Gabriel. 

Porém, ao esconder o arcanjo tanto do Céu quanto do Inferno, a dupla rapidamente bagunça suas vidas de um jeito nunca visto. Para resolver o mistério e frustrar Céu e Inferno no processo, eles vão precisar mais do que um milagre; vão precisar confiar um no outro novamente.

Um mistério que nos leva para antes do início dos tempos, para a época bíblica, roubo de túmulos na Era Vitoriana, blitz na Inglaterra dos anos 40, até os dias modernos, a segunda temporada de Good Omens é estrelada por Michael Sheen e David Tennant como o anjo Aziraphale e o demônio Crowley, respectivamente. 

Também reprisando seus papéis estão Jon Hamm como arcanjo Gabriel, Doon Mackichan como arcanjo Miguel, e Gloria Obianyo como arcanjo Uriel. De volta para a segunda temporada, mas em novos personagens, estão Miranda Richardson como o demônio Shax, Maggie Service como Maggie e Nina Sosanya como Nina. Os novos rostos que vão se juntar aos desajustados do Paraíso e do Inferno são Liz Carr como o anjo Saraquel, Quelin Sepulveda como o anjo Muriel e Shelley Conn como o demônio Beelzebub.

Neil Gaiman permanece como produtor executivo e co-showrunner junto com Douglas Mackinnon, que também volta para dirigir todos os seis episódios da nova temporada. Rob Wilkins, da Narrativia, representando Terry Pratchett, John Finnemore e o diretor de comédia da BBC Studios Productions, Josh Cole, também serão produtores executivos, enquanto Finnemore trabalhará como roteirista ao lado de Gaiman. Good Omens é baseado no aclamado romance e best seller internacional escrito por Pratchett e Gaiman. A nova temporada é produzida pelo Amazon Studios, BBC Studios Productions, The Blank Corporation e Narrativia.

Desvende o mistério divino!
Prime Video lança trailer da segunda temporada de Good Omens. As improváveis aventuras de um anjo e um demônio continuam na temporada de seis episódios completamente originais do co-criador Neil Gaiman, que estreia dia 28 de julho no Prime Video

Somos novamente embaixadores da Avec Editora!

É com uma enorme alegria que anunciamos que o Bar Princesa é novamente site embaixador da Avec Editora! Neste segundo semestre, teremos boas notícias, indicação de leituras e o melhor da literatura do lar da Fantasia e da Ficção! Muita gratidão por essa parceria maravilhosa!

Odisseia ganha adaptação em quadrinhos com ilustrações do artista Jefferson Costa

Com roteiro da escritora Silvana Salerno, um dos clássicos da literatura ocidental chega em edição lançada pela FTD Educação

É atribuído ao poeta grego Homero a autoria de dois textos fundadores da literatura ocidental: a Odisseia e a Ilíada. Os poemas épicos de quase três mil anos narram histórias de guerra, amor, viagens, superação e redenção.

Com texto adaptado pela escritora Silvana Salerno e ilustrações do quadrinista Jefferson Costa, o clássico de Homero renasce em uma edição lançada pela FTD Educação. A dupla criativa por trás da adaptação de Odisseia para HQ tem credenciais de sobra para o projeto. Com mais de 30 livros publicados, Silvana Salerno foi finalista do prêmio Jabuti em 2015, por sua adaptação para literatura infantil de Os miseráveis (1862), de Victor Hugo (1802-1885).

Já Jefferson Costa, conquistou o prêmio Jabuti na categoria Histórias em Quadrinhos em 2019, por seu trabalho em parceria com Rafael Costa em Jeremias: pele (2018), releitura de um dos personagens mais queridos do autor Mauricio de Sousa.

O artista foi escolhido para ilustrar a obra por sua habilidade em inserir jovialidade e cores contemporâneas à Odisseia. O quadrinista conta que seu processo de ilustração é quase 100% digital, mas que, às vezes, ainda utiliza papel para fazer algum esboço inicial de design de personagem ou de composição de página. Em um livro com inúmeros personagens, como em Odisseia, seu processo de trabalho implica em envolvimento, imersão total e uma inspiração especial.

“Na construção de personagens, gosto de pensar em atores e atrizes que acredito que casariam bem com a personalidade e o jeito de ser de cada um, como um casting, uma biblioteca mental. A associação desses profissionais da atuação com as personagens enriquece e facilita a construção e a condução das ilustrações”, destaca Jefferson Costa.

Protagonizado por Odisseu — também conhecido como Ulisses, o clássico apresenta o herói em sua longa jornada de volta para a ilha de Ítaca após sobreviver à Guerra de Troia. Ele tem como principal aliada Atena, a deusa da sabedoria, e como grande antagonista Poseidon, o deus dos mares.

Empenhado em retornar para casa e reencontrar sua esposa Penélope e seu filho Telêmaco, o herói enfrenta, com base em muita astúcia, ciclopes, monstros de seis cabeças, sereias (que os gregos imaginavam como pássaros com rosto de mulher), gigantes e outras criaturas aterradoras.

Muitos dos personagens encontrados por Ulisses em sua longa jornada de volta para casa — a ninfa Calipso, a feiticeira Circe, os ciclopes, a rainha Penélope, entre outros —, se tornaram bastante conhecidos na cultura ocidental, até mesmo por quem nunca leu a obra.

A adaptação da Odisseia para os quadrinhos ganhou ainda prefácio e posfácio da professora de Língua e Literatura Grega da Universidade de São Paulo (USP), Adriane da Silva Duarte, que contextualiza a obra e o autor e agrega informações históricas.

A Adaptadora

Silvana Salerno formou-se em Jornalismo e Letras pela Universidade de São Paulo. Aos dezenove anos, começou a trabalhar como revisora na Editora Abril. Foi preparadora de texto e tradutora no Círculo do Livro, redatora no Diário Popular e repórter na Folha de S.Paulo. Estudou História da Arte em Florença, na Itália, e Mitologia, na Grécia. Fez quinze adaptações de clássicos, grande parte delas premiadas. Recebeu o prêmio Figueiredo Pimentel, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), por Viagem pelo Brasil em 52 histórias (2007), muitos selos Altamente Recomendável pela mesma fundação, Cátedra 10 Unesco (2021) por adaptações e foi finalista do Jabuti com Os miseráveis. Em 2021, o livro São Paulo: a aldeia que virou metrópole foi selecionado entre os Melhores Livros do Ano pela revista Quatro Cinco Um. Também atua como arte-educadora em oficinas de escrita criativa, adaptação literária, crônica e temas inerentes ao livro.

Apaixonada pela Odisseia, Silvana Salerno já tem no currículo uma adaptação do clássico grego em prosa, voltada ao público juvenil. A edição da FTD Educação é sua primeira experiência como autora de HQ. Para ela, o grande desafio foi colocar o máximo da obra original em um mínimo de texto, deixando espaço para a arte de Costa fazer o restante do trabalho.

O Ilustrador

Jefferson Costa é paulistano e atua como ilustrador e quadrinista. É autor de diversos romances gráficos, como a adaptação do livro Kiss me, Judas, além de publicações nacionais e estrangeiras, como Quebra-queixo: Technorama, A Dama do Martinelli, Arcane Sally & Mr. Steam, entre outras. Também trabalha com concepção artística (concept art) de personagens e cenários para animações. Trabalhou na criação de Historietas assombradas (para crianças malcriadas), da Cartoon Network Brasil, e das séries Megaliga, The Jorges e Rockstarghost, da MTV. Em 2013, ganhou o 25º Troféu HQMix, na categoria Adaptação para os Quadrinhos, com A tempestade, da Coleção Shakespeare em Quadrinhos, que teve o roteiro escrito por Lillo Parra. Em 2018, lançou no Brasil Arcane Sally & Sr. Vapor, HQ produzida originalmente em Língua Inglesa, com roteiro do britânico David Alton Hedges. Em 2019, a HQ Roseira, medalha, engenho e outras histórias foi publicada pelo selo Original Pipoca & Nanquim.

Dungeons & Dragons: Honra entre Rebeldes e o que é RPG

Confira a crítica sem spoilers do novo filme que levou nosso hobby para as telas. E uma viagem pela memória do João Camilo…

Talvez, o normal seria começar falando sobre Roleplaying Games (RPG), especialmente Dungeons & Dragons, e o impacto literário gerado nos anos 70, quando o jogo foi criado. Pois se trata, basicamente, de uma manifestação da oralidade na idade contemporânea, do jeito que (o medievalista, crítico literário, historiador da literatura e linguista suíço) Paul Zumthor adoraria: um grupo de pessoas se reúne para ouvir um deles contar uma história. 

Justice Smith plays Simon, Chris Pine plays Edgin, Sophia Lillis plays Doric and Michelle Rodriguez plays Holga in Dungeons & Dragons: Honor Among Thieves from Paramount Pictures.

Esse impacto é menos pela presença de elementos lúdicos, o jogar, visto que a tradição, especialmente a oral, já incorporava esses elementos e, sim, pela interatividade entre a audiência e o performer (o tal do mestre). Não se trata simplesmente da tal da quebra da quarta parede levado a cabo pelo teatro do (dramaturgo, poeta e romancista alemão) Bertolt Brecht. E sim o grau desta interatividade, já que a audiência, neste caso, é também responsável pela narrativa para ser, efetivamente, audiência e cúmplice. 

Confira a crítica sem spoilers do filme Dungeons & Dragons: honra entre rebeldes. E uma viagem pela memória do João Camilo

Eu seria levado a mencionar que essas narrativas, pela espontaneidade e, também falta de construção dramática dos participantes, é ancorada em ação, é episódica e pouco sofisticada. E faz uso principalmente de personagens simplificados e estereotipados, deixando claro as fontes onde buscam os elementos para a criação (por exemplo, Tolkien e Robert E. Howard, mas não sendo limitados a esses cenários de fantasia, podendo fazer uso de Lovecraft, Star Wars ou Pernalonga). Essas características permanecem até quando novelas literárias são criadas explorando os cenários criados pelo RPG. 

Faria sentido, pois os personagens e a narrativa do filme Dungeons & Dragons: Honra entre Rebeldes segue esses padrões. Mas, prefiro destacar que a mais relevante inspiração para o filme é o humor inglês. Desde Monty Python (veja as animações dos créditos do filme) até, e principalmente, Terry Pratchet e o seu Discworld. O filme é uma comédia de fantasia, com a mesma complexidade de um episódio do desenho Caverna do Dragão, produzido nos 80s e que foi como, até quem mesmo não jogava RPG, jogava.

E como brasileiro que viveu naquela época, tenho a melhor descrição para este longa-metragem: é um filme Sessão da Tarde. A falta de complexidade, sem as pretensões gameofthroneanas, ajuda-o a não cometer erros notáveis. Como se trata de mais um produto do fandom geek e fandoms geeks estão sendo explorados até o bago por Hollywood, o filme traz referências o suficiente para agradar os rpgistas, que, introduzidas de maneira bem orgânica (ou com a pitada de farsa, no caso do Paladino), não causam estranheza para quem não tem nada a ver com rolamento de D20s. Ou seja, Sessão da Tarde com pipoca. 

Os anos 80, período em que o jogo se desenvolveu, nos deu alguns filmes que são referência para qualquer rpgista e são fantasias melhores, como o primeiro Conan, O Feitiço de Áquila, e a comédia A Princesa Prometida. Isso não quer dizer que este filme é um fracasso. Sua humildade em não tentar impor regras e as restrições de cronologias e árvores familiares, permite o que esses exercícios de imaginação têm de melhor: deixam em aberto as possibilidades para que todos possam contar e ouvir uma história. Não engasga, mesmo que, no final das contas, pipoca seja apenas milho e tenha peruá.

Confira a crítica sem spoilers do filme Dungeons & Dragons: honra entre rebeldes. E uma viagem pela memória do João Camilo

Nota sobre a sigla RPG: quando a Jabbework funcionava nas Lojas Bakana, eu estava conversando com um vendedor na área de livros didáticos e um pai e uma filha se aproximaram. Ele perguntou o que era RPG e antes que eu respondesse a filha soltou: Reunião de Palhaços Gays. Eram os anos 90. A busca no Altavista resultaria em encontrar a sigla como o nome de uma das armas do jogo Duke Nukem (Rocket Propelled Grenade) ou relacionada com fisioterapia (Reeducação Postural Global). A Jabbework? Um dos espaços para RPG que tivemos nos Anos 90 em Belo Horizonte. Também tinha GURPS. 

Dica de leitura – graphic novel biográfica Che: Uma Vida Revolucionária

Publicação da Quadrinhos na Cia é inspirada na obra de Jon Lee Anderson e tem arte do quadrinista mexicano José Hernández

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Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes ganha trailer final,  novos cartazes, cenas inéditas e vídeos de bastidores

Longa-metragem inspirado no RPG de fantasia medieval chega aos cinemas no dia 13 de abril 

Está chegando a hora de conferir o filme Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes, que estará em cartaz nos cinemas brasileiros a partir de 13 de abril. Para ajudar a lidar com o hype, juntei nesse post as mais recentes novidades sobre o aguardado longa-metragem. 

Para começar, o trailer final dublado que traz  muita ação, fantasia e aventura na trama. 

Confira também os novos cartazes dos personagens vividos por Chris Pine, Hugh Grant, Regé-Jean Page, Justice Smith, Michelle Rodriguez, Sophia Lillis, Chloe Coleman e Daisy Head.

Cenas inéditas

Nesta primeira cena inédita, o grupo é colocado em uma arena de batalha. Acompanhamos os personagens Edgin (Chris Pine), Holga (Michelle Rodriguez), Doric (Sophia Lillis) e Simon (Justice Smith) se preparando para enfrentar um desafio imposto por Forge, interpretado por Hugh Grant.

Enquanto lutam para sair do labirinto, os personagens encontram algumas das criaturas do universo mágico de Dungeons & Dragons como a Pantera Deslocadora, o Mímico e o Cubo Gelatinoso. Além disso, acompanhamos outros grupos de aventureiros tentando sobreviver ao desafio na cidade de Neverwinter, momento em que o filme presta homenagem a personagens bem conhecidos pelos brasileiros.

Nesta segunda cena inédita, Chris Pine é o destaque. No vídeo, acompanhamos o grupo de rebeldes liderado por ele buscando informações sobre a relíquia perdida em um cemitério. Para isso, o feiticeiro Simon, interpretado por Justice Smith, usa magia para trazer de volta à vida soldados mortos em uma antiga batalha. O bardo Edgin, personagem de Pine, é o responsável por interrogá-los. Na cena, estão também as personagens Doric, papel de Sophia Lillis, e Helga, interpretada por Michelle Rodriguez, que acompanham o interrogatório.

O filme ainda conta com Hugh Grant no papel do vigarista Forge, Regé-Jean Page, interpretando um poderoso paladino, Chloe Coleman, como a filha do bardo, e Daisy Head, como feiticeira.

Criaturas de Dungeons and Dragons: Honra Entre Rebeldes

O universo épico do RPG estará presente em Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes não só através de seus personagens, mas também das criaturas que compõem o jogo. Neste vídeo inédito, o público pode conhecer um pouco mais sobre esses seres fantásticos. 

O featurette traz alguns detalhes de criaturas como o Urso-Coruja, um híbrido entre os dois animais que faz parte das transformações da personagem Doric, interpretada por Sophia Lillis. O Mímico, ser capaz de imitar qualquer objeto. E também o Cubo Gelatinoso, que queima suas vítimas enquanto as prende dentro da sua estrutura.

Vídeo de bastidores sobre personagens

E no novo vídeo de bastidores, a aventura, é conduzida por um grupo de rebeldes composto por um bardo, uma bárbara, uma druida, um paladino e um feiticeiro, vividos por Chris Pine, Michelle Rodriguez, Sophia Lillis, Regé-Jean Page e Justice Smith respectivamente.

Com esse elenco estrelado, Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes leva para a telona o universo fantástico do jogo de RPG mundialmente famoso. A trama segue a jornada de um ladrão encantador e um bando improvável de aventureiros que armam um plano épico para recuperar uma relíquia perdida. Mas as coisas vão perigosamente mal quando eles encontram as pessoas erradas. 

Shazam! Fúria dos Deuses: o melhor herói de collant vermelho

Confira o review sem spoilers do colaborador João Camilo do filme da DC com as aventuras do adolescente Billy Batson e sua super família

Há uma frase atribuída a Oscar Wilde, (como qualquer frase atribuída a Oscar Wilde, deve ter sido escrita por outra pessoa) que diz: apenas crianças se esforçam em provar que são adultos. Desde os anos 80, os super-heróis têm se esforçado em provar que são adultos. Watchmen, de Alan Moore, deu alguma munição para esse argumento, mas muitos fãs se esquecem de que a obra é uma crítica ao universo dos super-heróis e não uma tentativa de legitimá-los. Isso foi transposto para os universos cinematográficos. 

Resolver problemas usando colantes coloridos e voando é o produto de uma imaginação infantil e a linguagem dos super-heróis expressa isso. Se analisarmos, a maior parte dos filmes dentro deste gênero lidam com temáticas juvenis: busca da identidade e lugar no mundo e amadurecimento a partir da solução de conflitos com os pais. Usar tons sombrios, falar palavrões, mostrar violência, explorar a sexualidade, por mais que sejam elementos que alterem a classificação etária, não modificam a representação psicológica destes personagens. 

São raras as variações de abordagem e isso promove uma infantilização na audiência. Cria uma justificativa para a imaturidade, porque ela tem roupagem adulta. Por isso, o apelo à nostalgia em tantas dessas produções: é uma forma de promover o conforto do adulto com apelos para a época em que era ainda jovem. 

O primeiro longa-metragem Shazam! tem todos os méritos de evitar esse conforto ao assumir o espírito juvenil. Com isso, dá credibilidade para uma história que não precisa mostrar o personagem principal sendo um narcisista, que ao final, se torna mais poderoso para derrotar um vilão. Billy Batson compartilha o seu poder com a família e o maior fã para triunfar ao final do filme. A produção inclusive explicita que não era importante encontrar a mãe verdadeira do garoto. 

A sequência Shazam! A Fúria dos Deuses retorna tentando repetir esses valores. A fórmula da história da origem não pode ser usada e com isso a narrativa é sobre o confronto contra divindades esquecidas e ultrapassadas da Grécia. As filhas de Atlas (Hespera, Anthea e Calypso) querem reaver os poderes dos deuses, os mesmos usados para dar os poderes para Billy e os irmãos. No primeiro filme, Dr. Silvana acreditava ter direito aos poderes. Neste, as três divindades têm efetivamente esse direito. Querem o legado ao qual têm direito.

Não espere uma fidelidade à mitologia grega (que seria absurda): as histórias contadas não serão encontradas em Homero ou Hesíodo e os monstros parecem ter sido retirados das páginas do Monster Manual do Dungeons & Dragons. O que vale é criar um conflito simples, nem sempre coerente, para que os seis heróis, devidamente imaturos, enfrentem o sisudo passado grego. 

No primeiro filme, eles exploram a relação entre Billy e Freddy Freeman, o maior fã dos heróis, e o uso da internet. Neste, grande parte dessa interação se perde, os dois estão quase sempre separados em cena, mas Jack Dylan Grazer volta a entregar alguns dos momentos mais interessantes do filme, inclusive quando diz , ao se resignar ao bullying que sofre na escola, que ser amigo de um super herói não faz ninguém ser especial. Vale dizer, ser o maior fã do Batman tem o mesmo efeito.  

A interação de Billy com Freeman e os demais membros da família fica de lado por conta da trama: desta vez, apesar do discurso da união da família, a história reverte o final do primeiro filme. Billy carrega a tocha sozinho. 

Apesar disso, o longa ainda funciona, quando consegue explorar os poucos momentos da família e por manter, até as cenas de pós-creditos, a coerência. Shazam sabe que não existe problema nenhum em ser infantil, quando é hora de voar. 

O que será um Vampiro?

Em seu texto de estreia, o colaborador Renato Vieira faz uma reflexão sobre a essência dos personagens do RPG Vampiro: A Máscara

Recentemente fui convidado a jogar o RPG de mesa Vampiro: A Máscara, a quinta edição dele na verdade. Já tinha ouvido falar muito desse jogo. Houve um boom no final da década de 90, tudo que eu ouvia falar era de excelentes jogos, de eventos mundiais, de pessoas vestidas a caráter (hoje a gente chama isso de cosplay, será isso que teve suas origens ai? Vale uma pesquisa depois). Não tive a oportunidade de jogar naquela época, estava na faculdade e trabalhando muito, mas sempre ouvi boas coisas.

Obviamente aceitei o convite com muito entusiasmo e recebi do mestre a explicação de que era um jogo de terror pessoal, um mergulho na nossa psique, dos demônios que habitam em nossas almas. Acredito que RPG pode ser uma ótima ferramenta de catarse e de análise das nossas vontades ocultas, mas há sempre um risco em enveredar-se por essas searas de forma descuidada.

A primeira coisa que notei, e aparentemente fui o único, é que os clãs dos vampiros parecem ser inspirados em livros clássicos de terror. Foi impossível para mim não ver as semelhanças entre os Toreadores e “O Retrato de Dorian Grey”, dos Tremere e “Frankenstein”, dos LaSombra e “O Homem Sem Sombra”. Uma coisa que é comum a todas essas histórias é que elas lidam com uma perda da humanidade, seja pela perda da moral, ou talvez da identidade, de extrapolar os limites, ou simplesmente a sedução de abusar de algum poder. Essa perda da humanidade é uma mecânica central no jogo RPG Vampiro, ou, pelo menos, deveria ser.

Fiquei sabendo que a maioria das pessoas jogava o jogo na terceira edição como uma Liga da Justiça: turno da noite, e não há nada de errado com isso, apenas me parece que não é a proposta central do jogo nesta edição.

Me dispus, então, a analisar o que seria esse monstro: o Vampiro. Confesso que li apenas uns poucos livros de vampiros: Drácula, Carmilla e Entrevista com o Vampiro. E, lógico, vi alguns filmes no cinema e na TV. A princípio, me parece que o vampiro não é um monstro, apenas uma vítima das circunstâncias, nunca ninguém pede para ser transformado, alguns aceitam bem, outros nem tanto, mas todos parecem sofrer com a transformação. Mas isso é uma desculpa esfarrapada, ninguém nunca escolhe as próprias circunstâncias e o monstro é o que acaba muitas vezes por emergir no final, o vampirismo é como a têmpera da espada que quebra ou se enrijece no final do processo.

A pergunta que fica é o que está sendo liberado através desse processo e o porquê. Os vampiros clássicos são claramente predadores, eles enxergam a maioria das pessoas como gado ou, na melhor das hipóteses, como animais de estimação ou talvez troféus. Não apenas predadores mas uma espécie que se diverte com a caçada, que se regozija com o medo e com a dor das vítimas, e que se finge de santa, que justifica sua maldade em sua condição maldita.

Creio que uma pessoa decente deveria escolher a própria morte ao assassinato de um inocente, talvez não no primeiro dia e no calor do momento, mas o peso da culpa de uma centena de mortes, com certeza, levaria a loucura até mesmo o mais pragmático dos indivíduos que ainda tem alguma bússola moral.

Além disso, há sempre uma relação de autoridade de um lado para o outro, o vampiro é dono, nunca é parceiro, mesmo quando há uma vampirização a relação é de Senhor e de Cria, onde o original é sempre mais forte, mais poderoso, mais cruel. Mas a coisa vai mais além: o vampiro é um sedutor, que atrai a sua presa criando para si com uma imagem majestosa e sensual, além da promessa de riquezas e de prazer. Na verdade, a vítima acaba presa em uma teia de dominação mental e social, onde lhe é roubada a autonomia dos próprios pensamentos, substituída por um desejo de sangue incontrolável, e lhe é privada a estrutura social, onde ela passa a fazer parte de um novo clube, onde todos lhe tem anterioridade.

No final das contas, essas vítimas são roubadas do que a sociologia chama de Agência, a capacidade de tomar decisões próprias, e se tornam escravos dos vampiros, muitas vezes sem perceber. A metáfora da perda da luz solar me parece muito adequada por essa ótica.

Por fim, todas as histórias de terror são analogias para a nossa própria realidade, os monstros são reais, só não são claros como nos livros. E então, quem são esses monstros em nossa sociedade, e no fundo de cada um de nós, que se fingem de reis, que escravizam suas vítimas e que vivem sempre insatisfeitos?

A minha conclusão é que são os “Narcisistas”, tanto aqueles que sofrem um distúrbio psicológico, quanto aqueles que foram criados num ambiente em que esses comportamentos são normalizados, entre eles, aristocratas, bilionários e vários artistas e atletas, que são adorados por multidões de alienados e que pisam nelas como se fossem baratas.

Muitas pessoas enxergam e ficam enojadas com as imoralidades e os abusos cometidos por pessoas famosas, e é bem provável que a gente esteja vendo apenas a ponta do iceberg na maioria dos casos. Cada vez mais fica claro, para mim, que gente como Elon Musk, que está constantemente na mídia e adquiriu recentemente o Twitter, não deve nada para narcisistas clínicos, chegando a delírios eugenistas e de imortalidade e colonização do sistema solar em seu nome.

Fico envergonhado só de pensar que, talvez, um pouco desse tipo de monstro desumano exista em mim, mas se eu tivesse tido a criação que eles tiveram, talvez fosse tão desumano quanto eles…

Eh, não sei se vou continuar jogando Vampiro: A Máscara.

Impertinência e humor na concepção de personagens em Ramna ½

João Camilo comenta a obra mais famosa da mangaka Rumiko Takahashi

De acordo com o Dicionário Michaelis online: Impertinente – im·per·ti·nen·te. 

adj m+f  – 1 Que é pouco adequado a uma situação, momento ou pessoa; impróprio, inconveniente, inoportuno. 2 – Que causa indisposição, mal-estar; desagradável, desconfortável, incômodo.

adj m+f sm+f – 1 – Que ou aquele que falta com o devido respeito aos demais; atrevido, desrespeitoso, insolente. 2 – Que tem mau humor; que se queixa de tudo; implicante, rabugento, ranzinza. 

Com base nessa definição, chamarei de impertinência a forma como Rumiko Takahashi utiliza o humor nos seus mangás, especialmente em Ranma ½. A impertinência, no humor, é a reação exagerada, da maneira mais abusada possível, dos personagens, mesmo que sem malícia. Rumiko constantemente faz uso disso para colocar seus personagens em situações extremas, mas genuínas, algo que encontramos, por exemplo, nas obras de Charles Dickens. 

Comparar a autora com um romancista consagrado não é uma novidade. Suas obras, especialmente a melhor delas, Maison Ikkoku, são caracterizadas por longas narrativas entrelaçando diversos personagens claramente distintos, explorando seus relacionamentos com profundidade e diversidade. Sua especialidade é a sátira, em geral aos costumes da sociedade japonesa, mas ela sabe trabalhar com subgêneros variados como artes marciais, fantasia, horror ou ficção científica. 

Assim como Dickens, Rumiko costuma criar a história em torno de um núcleo (dois personagens, em geral) e preenche o entorno desse núcleo com personagens muitas vezes caricatos. A caricatura permitia Dickens romancear a realidade (exagerando aspectos brutais como a pobreza da sociedade vitoriana ou a vilania de seus personagens) sem que o leitor perdesse a identificação com o que estava sendo narrado. Pelo contrário, quanto mais irreal a criação, mas crível ela se tornava. 

Ela funciona de maneira similar para Takahashi: seus personagens absurdos e histórias com tons sobrenaturais são verídicas, ou provocam no leitor, essa sensação. Em Dickens, o texto tendia para o melodrama e o sentimentalismo, com Rumiko o texto (ou a combinação entre texto e imagem) tende ao cômico e ao absurdo.

Encontramos exemplos de impertinência em toda a sua trajetória, mas nosso foco será Ranma ½ , que talvez seja sua obra mais popular. Ranma ½ é um clássico. Diversos termos, tropes e clichês de mangás e animes se popularizaram a partir do sucesso da obra, do final dos anos 80 e início dos 90. 

Em Ranma ½, temos a história de Ranma e Akane, dois adolescentes, cujos pais, praticantes da Escola Anything Goes Martial Arts, os prometeram em casamento. Mas Ranma caiu em uma fonte amaldiçoada e toda vez que é molhado por água fria, se transforma em uma garota. 

Foram nove anos de publicações e 38 volumes com 407 capítulos, em que rivais (românticos ou marciais) provocam situações, impulsionando o relacionamento dos dois personagens. O anime se seguiu e, apesar de um começo não tão bem sucedido, contou com 143 episódios, 3 filmes e 12 OAVs, gozando de grande popularidade, equiparada na época à Sailor Moon e DBZ. 

A impertinência não é apenas uma reação maliciosa dos personagens (são vários personagens amorais, inclusive o Genma, o pai de Ranma, mas não é o caso aqui). De maneira geral, o enredo da história sempre escolhe o caminho “mais impertinente” possível. 

O próprio mundo de Nerima, o subúrbio onde vivem os personagens, reage assim (a cidade, ou seja, sua geografia e moradores é tão viva e marcante quanto Londres era para Dickens). Os personagens sem nome fazem isso. São repetições constantes de gags cômicas (como exemplo, a velha senhora que está constantemente lavando a calçada e jogando água nos personagens que, como Ranma, são amaldiçoados), que, além de manter o espírito cômico, criam as tensões e conflitos que afetam Ranma e Akane.

É verdade que apenas a dupla apresenta um verdadeiro desenvolvimento psicológico (afinal, é a história de como os dois lidam com responsabilidade do casamento e o amadurecimento) e os outros personagens pouco ou nada saem de seus “atos”, mas não podemos pensar nisso como uma pobreza narrativa. Takahashi usa com maestria o tipo cômico para realçar as características e desafios internos de Ranma e Akane. Não é diferente de Hamlet precisar de um coveiro para o seu monólogo mais famoso. 

Por exemplo, a irmã mais velha de Akane, Kasumi, é uma personagem com pouco desenvolvimento e história própria. Ela tem o papel materno e doméstico, tem poucas reações intempestivas, é sempre prestativa. Em uma história, ela é possuída por um Oni. É um exemplo de impertinência: de todos os personagens, é a única que ninguém deseja fazer nenhum mal. Portanto, ela pode fazer o que desejar, mas suas “maldades” não têm nenhum impacto. Mas, o que a gag Kasumi significa para Akane? 

Kasumi é um ideal que Akane tem antes de amadurecer. Akane tem uma paixão adolescente pelo Doutor Tofu (que é apaixonado por Kasumi). Akane não sabe cozinhar e é um pouco atrapalhada (em geral afobada), características esperadas em uma “esposa ideal”. Akane perde a paciência e apela com violência. 

Quando mais Akane se afasta de Kasumi (uma das primeiras mudanças é o corte de cabelo, que ela usava mais longo, imitando a irmã), mas ela se afasta da visão do papel feminino. Ocasionalmente, Kasumi retorna em cena, para provocar estranhamento com sua atitude blasé diante da realidade absurda provocada pelos outros personagens. Não é a apenas a repetição de um sketch cômico, ainda que, por conta do tamanho, a série tenha alguma dose de repetição e narrativas fillers, sem dúvidas motivadas pelas necessidades comerciais e editorais, também é o reforço da tensão entre o papel esperado da mulher japonesa e o papel que Akane consegue incorporar.

Com Ranma é a mesma coisa: a nobreza e hesitação de Ryoga contrasta com o vale-tudo que é a melhor tradição do Anything Goes (Ranma, Genma e Happosai adaptam de outras escolas os ataques para superarem os adversários e aproveitam-se de tudo que encontram no caminho), mas Ryoga romantiza uma Akane dócil, uma namorada ideal. Como a série é exatamente sobre como Akane e Ranma estão longe de serem ideias, ainda que genuínos, não é sem surpresa que ele seja sempre passado para trás por Ranma e Akane não lhe dê atenção, apesar dos sentimentos óbvios que ele tenta esconder (assim como esconde ser P-chan, o porquinho de estimação, resultado de uma maldição similar à de Ranma).

Um exemplo prático acontece na história da Reversal Jewel. Nela, Shampoo, uma das “noivas” de Ranma, ganha da Avó Cologne (uma das impertinências de Takahashi é dar nome aos personagens de origem chinesa usando produtos de higiene pessoal) uma joia que, se usada de cabeça para baixo, transforma amor em ódio e, do outro lado, amplia o amor. Shampoo passa a odiar Ranma, invertendo o papel entre os dois, já que Shampoo o persegue constantemente. 

Este, passa a sentir sua masculinidade ameaçada. Ranma é um grande impertinente: o assédio de Shampoo (sem dúvida, a mais extrovertida das noivas) e das outras “noivas” sempre o incomodaram. Ao invés de se satisfazer, Ranma “sai do personagem” e passa a se preocupar com suas habilidades de sedução. De certa maneira, Ranma muda para o comportamento de Kunou (a ponto da adaptação para Anime incluir a repetida gag de Kunou agarrando Ranma em forma feminina). Assim, ele pode ser manipulado por Cologne e desafia Shampoo para uma luta.

Shampoo se esquece (impertinente) de que já foi derrotada por Ranma. É Nabiki (outra irmã de Akane) quem o lembra disso: Shampoo apenas se tornou obcecada por Ranma depois que ele a derrotou em uma luta. Shampoo é membro de uma tribo de amazonas e portanto deve casar-se com o homem mais forte que encontrar, ou seja, o que conseguir derrotá-la. Nabiki não tem motivo nenhum para sugerir tal coisa, afinal, sabe que isso vai prejudicar a irmã. Mas é a impertinência e a completa falta de escrúpulos sempre fez de Nabiki um mecanismo perfeito para impertinências que impulsionam a história. 

Ranma vence Shampoo e a cena que se segue é uma tentativa de abuso sexual, sem tirar nem por. Shampoo (capaz de destruir paredes com as próprias mãos) se encolhe, chorando. Ranma, apesar de impertinente, ainda é um personagem, de maneira geral, decente. Ali, o click. 

Ele percebe que está abusando de alguém mais fraco, de uma mulher, e se desespera ao notar que os colegas de escola estão assistindo tudo. (No anime, é quando Kunou aparece, reforçando ainda mais a inadequação de Ranma na cena, afinal, Kunou existe para distanciar esse tipo de comportamento de Ranma). Sair do personagem no caso não é um descuido. É a impertinência como motor narrativo: o conflito interno é exposto desta forma. 

A impertinência prossegue. Cologne consegue convencer Ranma a um encontro com Shampoo, para confessar o seu amor. É uma armadilha. O ego de Ranma o deixa vulnerável, mas na hora de falar as linhas “eu te amo”, as inseguranças que marcam seu relacionamento com Akane voltam. Apesar de encarar o “romance” como uma luta (e o Anything goes ajuda a entender o motivo), ele hesita e é tempo o suficiente para que Akane apareça, usando a joia para cima, declarando todo o amor que sente por Ranma. 

Não existe algo mais impertinente: 400 capítulos e quando os personagens (ou um deles) se declara, é motivado por um item mágico. O leitor sabe que Akane está falando a verdade, mas é claro que nada daquilo terá aparência de verdade para os personagens. É uma farsa. Portanto, Ranma volta ao comportamento original, o ego fala demais, irrita Akane e a história da Reversal Jewel termina com a repetição de mais uma gag: Akane soca Ranma para longe.

Ou seja: Assim como no churrasco, o coraçãozinho, a asinha, a linguiça e o pernil não atrapalham a picanha.