Confira a resenha de Renato Vieira para o game Remnant: From the Ashes
Recentemente, saiu a continuação de um jogo que eu adoro, mas que não fez muito sucesso, ou melhor, que fez muito sucesso com um público muito específico, atualmente alguns chamam isso de um “Cult Hit”.
O jogo Remnant: From the Ashes é uma mistura de Resident Evil 4 com Dark Souls, mas feito por uma desenvolvedora de pequeno porte. Ele tem uma centena de pequenos problemas, que passam pela história meio confusa e terminam em limitações de formas de jogar, porque certas coisas simplesmente não se encaixam. Além disso, uma reclamação comum é que para coletar todos os itens do jogo você tem que “rejogar” várias vezes, mas isso é um problema antigo de todos os jogos que usam algum tipo de criação automática do ambiente (procedural generation).
O jogo
O mundo foi lançado no caos por um terror antigo de outra dimensão. A humanidade se esforça para sobreviver, porém, ela possui a tecnologia para abrir portais até outros mundos alternativos. Você precisa viajar pelos portais para descobrir a origem de todo esse mal, além de buscar recursos para sobreviver e lutar com unhas e dentes para dar à humanidade a chance de um novo começo…
Remnant: From the Ashes é um jogo de sobrevivência em terceira pessoa, em um mundo pós-apocalíptico infestado de criaturas monstruosas. Você, um dos últimos remanescentes da humanidade, vai enfrentar sozinho – ou acompanhado por até dois outros sobreviventes – as hordas de inimigos mortais e os chefes épicos para tentar retomar o que foi perdido.
Explore mundos gerados de modo dinâmico que mudam cada vez que você joga, criando novos mapas, novos encontros com inimigos, novas oportunidades de missões e novos eventos dentro do jogo. Cada um dos quatro mundos únicos do jogo está repleto de horrores monstruosos e ambientes que vão oferecer desafios novos a cada sessão de jogo. Adapte-se e explore – ou morra tentando.
De qualquer forma, o jogo tem o atributo mais importante de todo e qualquer game: Ele é divertido. De nada adiantam gráficos de última geração ou uma história maravilhosa e envolvente se o jogo não se sustenta como jogo. Melhor seria se tivessem feito a série de TV, como em Last of Us.
Para mim, Remnant II pode ser considerado um jogo perfeito, todas as arestas foram polidas, todas as reclamações foram consideradas e os problemas que sobraram estão todos na categoria, “não é defeito, é qualidade”. Desde a homogeneidade das classes do primeiro jogo – que viraram uma centena, e que têm que ser destravadas em jogo, se tornando verdadeiros prêmios para aqueles que realmente interagem e exploram os mundos de Remnant II – até o design dos chefes de fase, que eram um ponto fraco do primeiro, e que são um dos maiores pontos fortes da parte 2, o Labirinto talvez tenha o melhor chefe da história dos jogos.

Jogabilidade
Mas é um jogo muito difícil, muito mesmo, é um Dark Souls com armas de fogo em que você não tem que ficar recuperando seu cadáver a cada morte, o que facilita muito a vida. Porém, ainda é um enorme desafio com combates extremamente difíceis e mecânicas que exigem aprendizado e prática e vários modos mais difíceis ainda, como o “hardcore” com uma única vida.
E é um jogo enorme, apesar de ser possível chegar ao final em coisa de umas 20 ou 30 horas, dependendo do nível de habilidade do jogador, isso é só a superfície. Eu tenho dois jogos, um com mais de 100 horas, outro no modo “Hardcore”, com mais umas 30 horas. E tudo foi feito em coisa de umas 3 semanas, pode-se ver que eu adorei o jogo.
Além disso tudo, em termos de jogo temos as lateralidades que completam a coisa. A história central fica um pouco meio perdida entre as pequenas histórias de cada mundo por onde você passa. Mas ela é coesa em si mesma e funciona perfeitamente bem e reforça a natureza do jogo em vez de concorrer com ela. A trilha sonora é maravilhosa, já ouvi a música tema uma centena de vezes.

Cenários
Os cenários são muito mais interessantes e trazem muito mais personalidade a cada um dos mundos. Até mesmo o deserto futurista e escuro, claramente inspirado na franquia Alien que muitos críticos acharam monótono, eu achei o máximo. Mas eu sou fã da franquia e assisti até as coisas terríveis.
Tudo o que se espera de um jogo de uma grande empresa está lá, ótimos gráficos e efeitos visuais, facilidade de acesso, variedade de estilos, etc. O único ponto que eu posso realmente classificar como negativo é a falta de otimização no lançamento. O jogo saiu completamente não jogável se você não tivesse uma máquina de última geração, mas isso é só para PC e só nas primeiras semanas. Pouco tempo depois, já tinha um modo “batata” para aqueles que não são entusiastas de hardware de última geração.
Contudo, por alguma razão meio difícil de explicar, eu gostei mais do primeiro, e eu admito com toda clareza e tranquilidade que o Remnant II é um jogo muito melhor do que seu antecessor. Depois de muito raciocinar sobre o assunto, a única conclusão que eu consegui chegar é que é mais fácil se apaixonar do que amar, mas o que diabos isso tem a ver?

Apaixonado
Bem, quando você conhece alguma coisa nova, seja um hobby, ou um livro, ou até uma pessoa, aqueles primeiros momentos de aprendizado, onde tudo é novo e excitante, são muito mais fáceis e muito fortes. O que não quer dizer que eles ficam automaticamente ruins depois de um tempo, mas eles deixam de ter aquela excitação da novidade, passam a ser uma espécie de rotina, onde existe muito prazer, mas existe uma certa taxa de manutenção, um esforço que você nem enxerga nos primeiros momentos, mas que já estava lá.
Por exemplo, li, a bastante tempo atrás, “A Torre Negra” de Stephen King, uma história dividida em 10 livros, mas apenas uns 3 ou 4 são realmente bons. Obviamente o primeiro, felizmente o último, e uns dois lá pelo meio da coisa toda. Mas foi um sofrimento passar por vários livros completamente dispensáveis por alguns bons momentos no total. Por outro lado, eu vi as 4 primeiras temporadas de Game of Thrones, mas não consegui chegar no final, porque até mesmo ver um filme ou uma série exige um tipo de esforço, e às vezes a gente faz a conta e conclui que não vale a pena o trabalho que dá.
Acho que a mesma coisa se aplica nesse caso. Eu já amo essa série de jogos, mas, ao mesmo tempo, já estou na fase de manutenção. Sei o que vem a seguir, sei como a coisa funciona, não existe mais aquela excitação do novo, do aprendizado, do diferente. Novamente, não tem nada de ruim no jogo, e volto a recomendar a franquia, para todos aqueles que gostem de um pouco mais de desafio em seus jogos de tiro. E ainda mais, recomendo que comecem pelo segundo, que é bem melhor mesmo. De fato eu amo esses jogos porque eu sei como eles são, mas amar também é um esforço, mas é um esforço que, para mim, vale a pena.

Novidade!
Daqui há duas semanas, no dia 14 de novembro, será lançada a primeira expansão de Remnant II, que expandirá o mundo de Losson. The Awakened King traz uma nova forma de contar as pequenas histórias locais, com uma experiência mais concisa e direcionada, além de expandir os itens, habilidades e trazer até uma classe nova. Eu tenho a edição premium e não vou deixar de jogá-la assim que sair. Sugiro a vocês, fãs de Dark Souls e entusiastas desse estilo masoquista de jogo, a não perderem essa oportunidade!

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