Aventuras Literárias: Nikelen Witter e suas Obras Fantásticas

Confira a primeira parte desta entrevista exclusiva com a escritora gaúcha publicada pela Avec Editora

Já tem algum tempo que estou querendo entrevistar a Nikelen. Desde que conheci seus livros fiquei encantada com suas narrativas e seus personagens. O plano original era uma entrevista em vídeo para o Achados e Perdidos, mas a realidade não andou concordando com a gente.

Então, resolvi fazer a entrevista assim mesmo, mas para o site. Então, prepare-se para um delicioso bate-papo sobre literatura. A seguir, a primeira parte dessa tão aguardada entrevista:

Nikelen Witter é uma das mais importantes representantes no Brasil do gênero steampunk. Ela escreve desde criança, mas começou a publicar em 2011. De lá para cá, tem sido reconhecida como parte da chamada “Terceira Onda” da Ficção Fantástica no Brasil. É autora de Territórios Invisíveis, Dezessete Mortos, Guanabara Real: a Alcova da Morte e O Covil do Demônio, com Enéias Tavares e AZ Cordenonsi; Viajantes do Abismo e de Aventuras de Miss Boite e outras aventuras a vapor, obras publicadas pela Avec Editora, além de inúmeros contos em coletâneas. Foi organizadora da Odisseia de Literatura Fantástica de 2012 a 2014. Desde 2016, é agenciada pela Increasy Consultoria Literária. É também historiadora, pesquisadora e professora do Departamento de História da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Mora em Santa Maria/RS, com o marido, o  filho e as gatas Felícia e Hermione.

Para começar, como as histórias entraram na sua vida?

Eu nem sei se eu lembro bem. Eu quero ser escritora desde que me conheço por gente. Queria ler antes de saber ler. E queria escrever assim que comecei a fazer as primeiras letras. Sempre fui fascinada pela ideia de colocar em livros palavras que podiam encantar pessoas à distância. Lembro de, com 6 anos de idade, iniciar minha primeira história (nunca terminada) sobre uma bruxa boa. Depois, aos 12, comecei a escrever poesia e aos 14, a escrever contos e a estudar formas de narrativa. Eu me desafiava a escrever filmes que eu tinha visto, cena por cena, para tentar achar uma voz literária.

Como começou sua carreira literária?

Profissionalmente, em 2011, quando publiquei meu primeiro conto. Mas eu já fazia oficinas literárias e estudava escrita há um bom tempo.

Como foi a transição da criação de contos para os romances, com Territórios Invisíveis?

Eu acho que na verdade foi o contrário. Acho a escrita de contos muito mais difícil do que a escrita de romances. Tanto que costumo dizer que, nas definições clássicas de conto literário, os meus são mais histórias curtas. Inclusive, é muito comum meus leitores me dizerem que meus contos deveriam ser maiores, contar mais coisas. Isso é algo que vai meio que contra a ideia do conto, que causa uma impressão profunda no sentido de um estupor. Por isso, tenho pra mim que sou mais romancista do que contista. De qualquer forma, os contos me exigem muito mais.

Passando para Guanabara Real e a Alcova da Morte e O Covil do Demônio, como foi a produção em seis mãos?

Sempre digo que essa produção só foi possível por dois motivos. Primeiro, o fato de que eu admiro muito meus coautores e isso é recíproco. Segundo, porque tínhamos o André Cordenonsi, que é alguém com uma incrível capacidade de organizar e estruturar o trabalho, junto ao manancial inesgotável de ideias e informações que é o Enéias Tavares. Nossa maior dificuldade sempre foi coordenar as nossas agendas, afinal somos os três professores universitários, pesquisadores e escritores cheio de projetos.

Como surgiu a ideia para a criação de Viajantes do Abismo?

Viajantes surgiu de uma espécie de exorcismo que eu precisava fazer com a minha ansiedade climática, lá em 2013. Juntei a isso coisas como a inspiração de um processo-crime sobre o qual estava lendo uma dissertação e o fato de ter pesquisado sobre curandeiras durante toda a minha carreira acadêmica.  Falando assim, parece pouco emocional, mas na verdade foi um livro que me exigiu bastante em termos de sensações e engajamento sensível.

Podemos dizer que com Dezessete Mortos você volta aos contos?

Na verdade, não chega a ser isso. Dezessete Mortos reúne contos escritos desde 2011 e que foram publicados em coletâneas diversas durante o chamado boom das pequenas editoras (2010-2015). Nesse período, várias pequenas editoras lançaram temas e concursos de contos para comporem coletâneas. Participei de várias e fui selecionada. Vários desses contos escrevi enquanto escrevia os romances – Territórios Invisíveis, Guanabara Real, Viajantes do Abismo – e fiquei com uma boa quantidade de material, mas todos dispersos. Ao perceber que esse material poderia ser organizado por temáticas, eu propus ao Artur, editor da Avec, que publicássemos estes contos reunidos em forma de coletâneas autorais. Dezessete Mortos foi a primeira, com a temática do gótico e no espaço regional do Rio Grande do Sul. As Aventuras de Miss Boite é a segunda.

Mais recentemente você nos apresentou à sua companheira de longa data, Miss Boite. Como foi o processo de criação? Veremos mais aventuras dessa criatura tão misteriosa?

Gosto demais da Miss Boite, mas ela não é uma personagem fácil de escrever. Fico muito tempo gestando os contos dela, porque ela é muito inteligente e tem que ser meio infalível nas coisas que faz. Então, preciso ser bem meticulosa quando vou escrever suas aventuras. Ela nasceu meio pronta, sabe. Alguém que é o que o serviço pede, ela/elu se molda. Por isso, as missões precisam ser bem detalhadas e estarem em conexão com elementos históricos. Mas sim, penso em escrever mais sobre a personagem, não acho que ela me abandonará tão cedo.

E aí, curtiu a jornada literária da Nikelen? É inspiradora, não é mesmo? Qual livro da escritora gaúcha te marcou mais? Para quem ainda não leu seus livros, essa é a chance de mergulhar em histórias incríveis! E para saber mais sobre a autora, siga a Nikelen nas redes sociais – Instagram, Facebook, Youtube, página da Amazon – para não perder nenhuma novidade.

E aguarde que em breve publico a segunda parte desse bate-papo sensacional!

Publicado por Lu d'Anunciação

Jornalista, Relações Públicas, Especialista em Gestão da Comunicação e Mestra em Estudos de Linguagens - Análise do Discurso do Cefet-MG. Gosto da natureza, de literatura, HQs, cinema, séries de TV, rpg, board games, de música boa e de nerdices em geral! Adoro preparar quitutes e receber os amigos. Insisto em ser feliz e sou altamente convivível! E amo o Leo!!! Além deste blog, tenho também o www.jeitosaudavel.wordpress.com e sou colunista de RPG e HQs do site Garotas Geeks - www.garotasgeeks.com

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